4.5.09

E um belo dia ela percebeu que não valia a lágrima.

Assim mesmo, a lágrima caia e ela não entendia em que dimensão estava. Procurava uma explicação racional. O trauma de ter tido seu coração partido, de ter perdido alguém que amara, de ter esquecido pessoas ou de ter lembrado tarde demais. Chegara num ponto em que tudo tinha uma explicação no passado:
- Foi porque ele te deixou;
- Foi porque você ficou com medo de se envolver;
- Foi porque você foi enganada;
- Foi porque seus pais te prenderam demais;
-...

Arre! Estava farta de toda aquela bobagem. Como se a vida fosse um grande ciclo em que tudo se repete. Se nos seus 30 anos já não havia mais novidades e tudo justificava-se em uma ação passada ela defenderia que a vida não tem sentido.

Como assistir o seu filme preferido uma vez, duas, três, quatro... infinitas vezes. A partir de um momento ele deixa de ser o preferido, porque é repetitivo. Alguém definira isso como custo de oportunidade.

Decidira portanto que se a vida é rotina era o momento dela se rebelar. Acabar com tudo isso. Ela seria antirotina, o antiritmo, o antifluxo.

E decidida, ela deu o primeiro passo.

Pegou as chaves do carro, uma jaqueta, a bolsa e se jogou no mundo.


Depois de rodar alguns kilômetros pela estrada com vista para a costa e de ter se inundado de mundo. Parou e percebeu que não era preciso ser anti nada. Precisava ser quem era, espontânea e corajosa. Do tipo que não culpa o passado, afinal ela é a única responsável por si.

3.1.09

Daí ela abriu a porta do elevador e ele estava no corredor.Ela nunca sabe se cumprimenta ou finge que não viu. Sente seu coração batendo acelerado demais e lembra-se de respirar.
....
....
-Oi.- Afinal ela não pode ter um ataque cardíaco e fingir que não viu. As duas coisas não casam.
-Opa.. tudo bem? Como você tá?
- Tô bem, organizando algumas coisas e você?
- Tô bem também, na bagunça de sempre.
- Hm.. então tá preciso ir. - Ela não precisava ir coisa nenhuma.
- Tá bom, tudo de bom. Beijão e tchau.
- Beijo, tchau.
...
Ela abre a porta, entra e a fecha.
Joga a bolsa no sofá e anda como se tivesse algo por fazer. Não tem nada pra fazer. Nada. Mesmo que tivesse ela só pensa naquele imbecil.

O que ela não percebe é que a imbecil é ela.

4.9.07

Sobre as caixinhas

"Envolva-se e descubra um mundo de idéias"

Cada um de nós é uma caixinha (na minha cabeça é como a caixinha que guarda o universo, para que não tenha limites). E nela guardamos nossos raciocínios, experiências, sentimentos, lembranças, promessas, futuros, desejos, medos. Conforme o tempo vai passando colocamos mais coisas nessa caixinha.
Para essa adição precisamos de um intercâmbio.
Ou seja, para que cada um de nós cresça precisamos saber um pouco mais do outro. Acredito que o ponto de vista de nós mesmos tem o poder de nos prender em um ciclo de raciocínio e para sair dele precisamos de um passo para trás. Como somos imperfeitos fica difícil fazer isso.
É assim que ocorrem as epifanias. Dificilmente se está só nesses momentos, geralmente estamos conversando com alguém (às vezes conosco mesmo... mas é uma questão de bipolaridade ;-b).
Ta aí a importância de se expressar e se comunicar...para aumentar a caixinha, para tentar preencher... buscar a essência.

24.8.07

O AUTO-RETRATO

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem
às vezes me pinto àrvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembranças...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança
no final, que restará?

Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

(Mário Quintana)

19.8.07

Poder musical

Daughter
Pearl Jam

(You guys ready?)
Alone, listless,
Breakfast table in an otherwise empty room,
Young girl, violins,Centre of her own attention.

The - mother reads aloud,
Child - tries to understand it,
Tries to make her proud.

The shades go down, it's in her head,
Painted room,
Can't deny there's something wrong.

Don't call me daughter, not fit to,
The picture kept will remind me,
Don't call me daughter, not fit to,
The picture kept will remind me,
Don't call me...

She holds the hand that holds her down,
She will - rise above!

Don't call me daughter, not fit to,
The picture kept will remind me,

Don't call me daughter, not fit to be,
The picture kept will remind me,
Don't call me...The shades go down...
The shades go down...The shades go... go...

Mas que vidinha mais musical... Acho que toda vez que eu postar vou acabar colocando uma música.
Música é uma coisa muito completa, muito sensorial. Ela consegue influenciar vários sentidos ao mesmo tempo. Agora pouco eu estava um pouco tristonha, desacreditada... resolvi escutar um pouquinho de Pearl Jam. Pronto, já estou feliz novamente.

3.8.07

Trabalho na ponta dos dedos. Enquanto isso, na minha cabeça...

Nossa, quanto tempo faz que não escrevo aqui!

Esses dias estava pensando em como temos a necessidade de externalizar aquilo que sentimos. Acredito que são tantos pensamentos em nossa cabeça, vagando de forma desordenada e às vezes parece que não conseguimos construir uma opinião, um pensamento.

Uma das formas de organizar nossa mente é escrever. Ler e ouvir também são formas, uma vez que nos identificamos (ou não...) naquilo que estamos lendo e parece que se fosse dito por nós mesmos não esclareceria tão perfeitamente aquilo que estamos sentindo.

Isso aconteceu duas vezes hoje. Enquanto eu fazia um relatório liguei o Windows Media Player e ouvi todas (!) as músicas do computador. Mas duas especificamente me fizeram desfocar a atenção do relatório e saltaram como prioridade. Uma delas foi Cupido da Maria Rita. Ela se encaixa em tudo aquilo que eu gostaria de dizer mas não vou (a mensagem não vai chegar ao destinatário por aqui provavelmente) e parece que só o fato de alguém já ter sentido a mesma coisa já faz com que eu me sinta aliviada, como alguém que já disse o que precisava

Cupido
(Composição: Cláudio Lins)
Eu vi quando você me viu
Seus olhos pousaram nos meus
Num arrepio sutil
Eu vi... pois é, eu reparei

Você me tirou pra dançar
Sem nunca sair do lugar
Sem botar os pés no chão
Sem música pra acompanhar

Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu

Eu vi quando você me viu
Seus olhos buscaram nos meus
O mesmo pecado febril

Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou todo o ar
Pra que eu pudesse respirar
Eu sei que ninguém percebeu
Foi só você e eu

Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu
Ficou só você eu eu

Quando você me viu...

Até aí tudo bem.. Meu coração bateu rápido, e depois fiquei mais relaxada (desabafo é uma coisa impressionante, mais eficiente que Lexotan) . Daí bateu uma tranquilidade e começou a tocar Equalize da Pitty.. é hoje que eu não durmo. Minha mente alçoou voô e já era, já passou a raiva, a mágoa e eu só penso "que o ritmo rola fácil/ Parece que foi ensaiado e eu acho que eu gosto mesmo de você... Bem do jeito que você é"

Às vezes se eu me destraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já vi que não posso ficar tão solta
Me vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito

Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho, tão de perto
Me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais

Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça
O mundo gira devagar

E o tempo é só meu
E ninguém registra a cena
De repente vira um filme
Todo em câmera lenta
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

Mas já são 21:30 e eu não acabei meu relatório. Chega de devaneios, de saudade, de vontade, de mudanças, de lembraças, de raiva. Vou ter que ser pragmática. Isso não é mais prioridade.
Fica pra depois.

7.1.07

Convivendo

Em 2006 aprendi algumas coisas sobre convivência:

1. As pessoas entram na sua vida de maneiras estranhas, e você não consegue controlar o que sente por elas. Não tente gostar, desgostar, reprimir ou fingir. Nada disso funciona e só retarda um processo que pode ser espetacular ou um lixo. Vivendo as coisas no momento certo tudo será mais fácil e menos traumático.

2. Algumas vezes elas também saem de maneira estranha. Se elas quiseram sair, RESPEITE. Não invada o espaço alheio. Essa escolha foi dela e, no fundo, pode ter sido o melhor pra todos.

3. Outras pessoas, ainda, não querem sair e precisam. Cabe a você pegar uma borracha e apagá-las, esquecê-las. E NÃO telefone.

4. Aquelas pessoas que se foram nós não deixamos de amar. Apenas o fazemos de maneira diferente.

5. Sempre exstirão pessoas fáceis e outras difíceis com quem trabalhar. Se esforce para ser uma das fáceis. Motivação, liderança, criatividade não são tão simples, mas não tentar não melhora em nada.

6. Sorria e tenha boa vontade. Não faz mal pra ninguém.

Conviver, coexistir, colaborar... tem alguma coisa em comum em todas essas palavras. Lembre-se disso.

E em 2007 cabe a nós mesmos lembrarmos disso tudo e se esforçar para fazer valer a pena. E vale mesmo.

O primeiro é o mais difícil?

Espero que sim. Que o primeiro só seja difícil e que os demais apareçam rápido na minha mente.