4.5.09

E um belo dia ela percebeu que não valia a lágrima.

Assim mesmo, a lágrima caia e ela não entendia em que dimensão estava. Procurava uma explicação racional. O trauma de ter tido seu coração partido, de ter perdido alguém que amara, de ter esquecido pessoas ou de ter lembrado tarde demais. Chegara num ponto em que tudo tinha uma explicação no passado:
- Foi porque ele te deixou;
- Foi porque você ficou com medo de se envolver;
- Foi porque você foi enganada;
- Foi porque seus pais te prenderam demais;
-...

Arre! Estava farta de toda aquela bobagem. Como se a vida fosse um grande ciclo em que tudo se repete. Se nos seus 30 anos já não havia mais novidades e tudo justificava-se em uma ação passada ela defenderia que a vida não tem sentido.

Como assistir o seu filme preferido uma vez, duas, três, quatro... infinitas vezes. A partir de um momento ele deixa de ser o preferido, porque é repetitivo. Alguém definira isso como custo de oportunidade.

Decidira portanto que se a vida é rotina era o momento dela se rebelar. Acabar com tudo isso. Ela seria antirotina, o antiritmo, o antifluxo.

E decidida, ela deu o primeiro passo.

Pegou as chaves do carro, uma jaqueta, a bolsa e se jogou no mundo.


Depois de rodar alguns kilômetros pela estrada com vista para a costa e de ter se inundado de mundo. Parou e percebeu que não era preciso ser anti nada. Precisava ser quem era, espontânea e corajosa. Do tipo que não culpa o passado, afinal ela é a única responsável por si.