3.8.07

Trabalho na ponta dos dedos. Enquanto isso, na minha cabeça...

Nossa, quanto tempo faz que não escrevo aqui!

Esses dias estava pensando em como temos a necessidade de externalizar aquilo que sentimos. Acredito que são tantos pensamentos em nossa cabeça, vagando de forma desordenada e às vezes parece que não conseguimos construir uma opinião, um pensamento.

Uma das formas de organizar nossa mente é escrever. Ler e ouvir também são formas, uma vez que nos identificamos (ou não...) naquilo que estamos lendo e parece que se fosse dito por nós mesmos não esclareceria tão perfeitamente aquilo que estamos sentindo.

Isso aconteceu duas vezes hoje. Enquanto eu fazia um relatório liguei o Windows Media Player e ouvi todas (!) as músicas do computador. Mas duas especificamente me fizeram desfocar a atenção do relatório e saltaram como prioridade. Uma delas foi Cupido da Maria Rita. Ela se encaixa em tudo aquilo que eu gostaria de dizer mas não vou (a mensagem não vai chegar ao destinatário por aqui provavelmente) e parece que só o fato de alguém já ter sentido a mesma coisa já faz com que eu me sinta aliviada, como alguém que já disse o que precisava

Cupido
(Composição: Cláudio Lins)
Eu vi quando você me viu
Seus olhos pousaram nos meus
Num arrepio sutil
Eu vi... pois é, eu reparei

Você me tirou pra dançar
Sem nunca sair do lugar
Sem botar os pés no chão
Sem música pra acompanhar

Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu

Eu vi quando você me viu
Seus olhos buscaram nos meus
O mesmo pecado febril

Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou todo o ar
Pra que eu pudesse respirar
Eu sei que ninguém percebeu
Foi só você e eu

Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu
Ficou só você eu eu

Quando você me viu...

Até aí tudo bem.. Meu coração bateu rápido, e depois fiquei mais relaxada (desabafo é uma coisa impressionante, mais eficiente que Lexotan) . Daí bateu uma tranquilidade e começou a tocar Equalize da Pitty.. é hoje que eu não durmo. Minha mente alçoou voô e já era, já passou a raiva, a mágoa e eu só penso "que o ritmo rola fácil/ Parece que foi ensaiado e eu acho que eu gosto mesmo de você... Bem do jeito que você é"

Às vezes se eu me destraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já vi que não posso ficar tão solta
Me vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito

Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho, tão de perto
Me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais

Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça
O mundo gira devagar

E o tempo é só meu
E ninguém registra a cena
De repente vira um filme
Todo em câmera lenta
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

Mas já são 21:30 e eu não acabei meu relatório. Chega de devaneios, de saudade, de vontade, de mudanças, de lembraças, de raiva. Vou ter que ser pragmática. Isso não é mais prioridade.
Fica pra depois.

Um comentário:

Gabs disse...

Muito do que vc disse está contido no poema Autopsicografia, que nós tanto gostamos...



Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Não é uma idéia tão nova, mas às vezes nos esquecemos de lembarar que ela existe. Muito bom.

Beijos!